Fonte: Vermelho
O jornalista Pedro Rios Leão, que esteve em Pinheirinho colhendo depoimentos dos moradores e registrando as atrocidades cometidas pela PM de São Paulo e pela Guarda Municipal de São José dos Campos, iniciou neste domingo (29) uma greve de fome em protesto contra a cobertura injusta que a rede Globo deu ao caso. Ele também quer a apuração das denúncias de assassinatos amplamente relatadas por desabrigados após a reintegração de posse do dia 22.
Em sua página no facebook, Pedro anunciou: “amigos entusiastas da ação direta: eu não aguento mais saber que existe uma cidade sitiada, com assassinos no comando, e ficar em casa e ninguém falar nada. Chamem de estresse pós traumático mas eu decidi me algemar por uma semana na frente da rede globo sem comer. Já que eu não me sinto seguro indo para São José. Vou radicalizar no Rio. A denúncia está sendo traduzida e veiculada internacionalmente. Pinheirinho depende de vocês. Lembre-se: Não curta! Compartilhe!”
Pedro está indignado com o fato de os assassinatos cometidos pela Guarda Municipal de São José dos Campos e pela Polícia Militar de São Paulo estarem sendo escondidos pelas autoridades e pelas mídias coniventes, como a rede Globo, através de sua afiliada na região, TV Vanguarda. A Vanguarda foi a única autorizada a entrar em Pinheirinho no momento da invasão policial. “Espero que os jornalistas desse país (que eu sei que tem internet) em algum momento pensem ‘pô, aquele maluco lá fazendo greve de fome e eu calado em assassinato de criança por causa do meu emprego’ ” – desabafa o ativista.
Por fim, antes de sair de casa, Pedro deixou uma mensagem de esperança em seu facebook: “Eu acredito no amor, no povo, no ser humano e na bondade. Estou me preparando psicologicamente para o protesto e vou abandonar o ambiente virtual. Deixo aqui dois relatos, que carregam a minha alma, enquanto o meu corpo estiver na Rua Lopes Quintas velando pelas criancas de Pinheirinho.“
Diversos apoiadores e militantes, amigos e desconhecidos, estão diariamente junto com Pedro, seja fazendo revezamento para que ele possa dormir, garantindo sua segurança, seja escrevendo cartazes de protesto e colando na tenda instalada no local, seja postando fotos nos perfis de facebook.
O vaivém é grande, mas em média, ficam cerca de 20 pessoas no local. Também é comum pessoas que passam de carro ou de ônibus dando palavras de apoio: “Força aê, irmão!” “Tamo junto por Pinheirinho!”, alguns gritam efusivos, sinal de que aos poucos, a internet e a mídia alternativa vão quebrando o bloqueio da mídia hegemônica.
De vez em quando, algumas viaturas da Polícia Militar do Rio de Janeiro passam em frente, com os policiais olhando “despretensiosamente” para o ato, vão até à esquina, conversam entre si, sai um homem da rede Globo, conversa com eles por cerca de dez minutos e volta para a sede da Globo. Por enquanto, tudo tranquilo.
Inicialmente, o plano era ficar uma semana em greve de fome, mas Pedro está disposto a ficar em jejum até que consiga algum retorno, seja a mobilização das pessoas pela internet pressionando o governo de São Paulo, seja ajudando a mobilizar as pessoas para não esquecerem e protestaram contra a barbárie de Pinherinho.
O cineasta e estudante de jornalismo da UFRJ diz fazer o máximo para que esse caso não seja abafado. “A polícia entrou cantando ‘O Pinheirinho é nosso Ah Há, Hu Hu ’, quando cheguei lá na segunda, a invasão já tinha acabado, mas a raiva deles (PM) era tanta que eles continuaram a perseguir as pessoas na rua, eles ficaram dias, perseguindo eles na rua, matando a galera na rua.” – relata indignado.
Conversamos na noite desta segunda-feira (30), confira o vídeo abaixo:
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