Coluna Econômica
Para entender os desafios atuais da economia.
O ciclo do desenvolvimento consiste nas seguintes etapas:
1. Formação da demanda, através do fortalecimento do mercado interno e das exportações.
2. Fortalecimento da produção interna, para atender à demanda.
O aumento da produção
interna gera mais investimentos, que geram mais empregos, que fortalecem
mais o mercado interno, completando-se o círculo virtuoso.
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Por enquanto há dificuldades em completar o segundo ciclo, apesar dos avanços da redução dos juros e melhoria do câmbio.
O fato do fator 2 não ter se completado faz com que todo aumento de
demanda de produtos comercializáveis (aqueles negociados no mercado
internacional) seja atendido pelas importações, gerando uma pressão nas
contas correntes brasileiras.
No ano passado, o
consumo de industrializados cresceu mais de 8%; a produção caiu 2,8%. No
setor químico, o consumo aparente tem crescido 7,1% ao ano desde 2007. E
a produção continua no mesmo patamar. Em cinco anos, houve estagnação
interna, enquanto o aumento de consumo foi totalmente absorvido pelas
importações.
A indústria química
fechou 2012 com um déficit de US$ 28,1 bilhões. Em 2013, o buraco será
maior. Apenas em janeiro o déficit em conta corrente foi de US$ 11
bilhões.
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As reservas
internacionais permitem empurrar algum tempo com a barriga. Mas esse
desequilíbrio terá que ser desmontado em algum momento, sob pena de uma
crise futura nas contas externas.
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Trata-se
de uma equação complexa. Os salários melhoraram, o emprego melhorou e
existe mais crédito disponível para consumo. Como a produção interna não
atende a essa demanda, há um aumento dos preços de serviço e de moradia
e uma pressão nas contas externas.
Este
é nó central. Para ser desarmado, exigiria um reajuste muito mais
acentuado do câmbio. Mas aí se esbarra na outra perna da equação: os
efeitos sobre a inflação e sobre a renda.
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No
ano passado, procedeu-se a uma corajosa desvalorização cambial de cerca
de 30%. Mas não se resolveu o problema da competitividade interna.
Além disso, o discurso
desconexo do Ministro da Fazenda Guido Mantega lançou uma nuvem de
imprevisibilidade sobre os agentes econômicos. Somado ao aumento dos
preços de alimentos, provocou essa alta da inflação no final do ano
passado e início deste ano.
Grandes
fabricantes – como Nestlé, Gessy Lever, Procter & Gamble,
conseguiram emplacar reajustes médios de 10% nos atacadistas. Esses
reajustes concentraram-se no setor alimentício.
Pode-se
tratar o problema com antibiótico ou antigripal. O antibiótico seriam
medidas duras na área de crédito, com impacto sobre o consumo – e sobre o
PIB. Não é o caso ainda.
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Tem-se
um desafio imediato, que consiste em desarmar as expectativas
inflacionarias, trabalho que vem sendo conduzido pelo discurso mais
sólido do presidente do Banco Central Alexandre Tombini. O recuo recente
dos preços de alimentos ajudará nessa empreitada.
Para
compensar o câmbio apreciado, o governo vem procedendo a uma série de
desonerações tributárias. Mas ainda se mostram insuficientes.
De qualquer modo, a estratégia está montada. Os próximos meses indicarão se foi bem sucedida ou exigirá dosagens maiores.
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