segunda-feira, 4 de junho de 2012

Globo Ecologia - Repportagem de Economia Solidária

No Brasil, as atividades nesse novo modelo econômico ultrapassam 60 mil


Empreendimentos solidários garantem o sustento de muitos trabalhadores no país (Foto: Divulgação) 
Empreendimentos solidários são uma forma
diferente de fazer economia (Foto: Divulgação)

Eugênia Motta: 
A economia solidária se baseia na autogestão, ou seja, na ausência do sistema atual de patrões e empregados, bem como do lucro. Tudo o que é produzido numa empresa ou empreendimento de autogestão é decido pelos próprios trabalhadores e a divisão dos ganhos é igualitária. Esse modelo pode ser implantado em qualquer área econômica, “desde o comércio e a produção até as finanças e os bancos”, explica Eugênia Motta, antropóloga do Núcleo de Pesquisas em Cultura e Economia (NuCEC) do Museu Nacional – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Esta é uma forma diferente de fazer economia. A economia solidária “desafia os valores da competição e da exploração, colocando a cooperação, a solidariedade e o compromisso como os princípios de funcionamento da economia”, afirma Eugênia.
O desenvolvimento dessa nova economia conta não só com a sociedade civil, como também com o envolvimento dos governos. No Brasil, os Empreendimentos Econômicos Solidários (EES) são viabilizados e coordenados pela Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), criada em 2003 pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
“São muitos os municípios e estados em que existem políticas públicas voltadas a fortalecer a economia solidária, seja no fomento à organização de empreendimentos de redes ou na comercialização”, exemplifica a pesquisadora. Assim, com o objetivo de fazer o mapeamento da economia solidária no país, a Senaes desenvolveu o Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária (Sies), composto por informações de EES e de Entidades de Apoio, Assessoria e Fomento (EAF).
O Atlas da Economia Solidária no Brasil mostra que as atividades coletivas nos EES totalizaram 63.497 em 2007, ano do último mapeamento divulgado. "O Sies mostra o que se acredita ser apenas uma parcela desta nova economia", observa Eugênia.
Os EES não só garantem o sustento de muitos trabalhadores em todas as regiões do país, como também oferecem uma nova maneira de ver “a relação com o dinheiro, o trabalho e o ambiente em que vivemos”, ressalta a antropóloga. “É possível garantir o sustento das pessoas com maior liberdade para trabalhar, cuidado com os recursos naturais e com a vida das pessoas acima de tudo.”
Para os que ainda não conhecem a Economia Solidária, “é importante dizer que é possível se envolver organizando empreendimentos, clubes de troca ou mesmo consumindo preferencialmente deste tipo de iniciativa”, sugere Eugênia. Práticas solidárias fortalecem economicamente as classes mais baixas da população, uma vez que o dinheiro vai para as pessoas que trabalham no empreendimento, e não, segundo a pesquisadora, “para uma empresa que depois vai acumular e remunerar grandes fortunas”.

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